Eu gosto de viver no século XXI, a sério que sim! Quando comparo o meu estilo de vida com o da minha mãe ou vou mais atrás no tempo e comparo com o da minha avó, ainda fico mais feliz por viver na actualidade. Mesmo assim, apesar de ter a consciência de que sou uma privilegiada, acho que as dificuldades com que nos deparamos hoje em dia não fazem qualquer sentido. Não era suposto a Humanidade evoluir? Não é isso que tem acontecido no domínio da tecnologia? Então o que se passa com o mais básico, com o mais essencial? Pode não ser mundial, pode até só ser a nível nacional, mas então o que raio se passa com a educação deste país? É que se por um lado estou de acordo com a democratização do ensino (essencialmente do ensino superior), estou completamente em desacordo com a massificação. Não faz sentido continuarmos a dizer aos miúdos que devem estudar muito, que devem fazer formação superior se depois essa formação é descabida da realidade social e acima de tudo das necessidades do país. Agora está na moda afirmar-se que os recém licenciados devem ir trabalhar para outros países ou continentes, que devem ser dinâmicos e desempenhar outra actividade profissional que não coincida com a formação que tiveram, que devem ser polivalentes. E eu estou completamente de acordo com estas directrizes, mais do que isso acredito que esse é mesmo o único caminho que nos resta. Mas de qualquer modo, não seria importante apostar na redefinição do sistema educativo português? É que como está não me parece fazer sentido. Não que quem tenha ido para a universidade em 2005 (como foi o meu caso) já não soubesse que a entrada no mercado de trabalho seria difícil. Não que já não tivéssemos consciência que devíamos nos envolver em todas as actividades extracurriculares para alargar a nossa formação. Sabíamos isso tudo e mesmo assim decidimos arriscar, porque era o nosso sonho, e acima de tudo porque achávamos que, tal como outros tiveram a possibilidade, nos também merecíamos ter a hipótese de sonhar e tentar alcançar! O que não sabíamos e que também ninguém nos disse é que íamos ser apanhamos no meio de um processo de Bolonha que prometia tudo de bom, mas que em termos práticos resultou no que de pior há. Ninguém nos disse que íamos ter de fazer duas unidades curriculares que depois teriam equivalência a uma na transição para Bolonha. Também ninguém nos disse que (pelo menos no caso do meu curso) teríamos obrigatoriamente de fazer um mestrado (já com estágio curricular incluído) para poder exercer. Ninguém nos avisou, e parecia que à seis anos atrás também não se podia antever, que para além do estágio curricular que já fizemos ainda teríamos de fazer mais um estágio de 12 meses não remunerado para podermos ser membros efectivos de uma ordem (que não existia seis anos atrás)!
Portanto, neste caso o que me irrita não é ter saído da Universidade e estar desempregada porque esse problema resolvia-se facilmente com o investimento noutra profissão, ou simplesmente com a saída do país. O que me enerva e me deixa sem dormir é que agora me venham dizer que para além de todos os sapos que já tivemos de engolir ao longo deste processo, ainda temos de engolir mais um que é o pior de todos. Ficar mais um ano a trabalhar sem receber um tostão, só para que depois disso possa dizer que tenho uma profissão para a qual não existe trabalho em Portugal. O que me tira do sério é terem prolongado o tempo de realização do nosso sonho sem nos terem avisado com antecedência. O que não posso aceitar é que ainda venham boicotar a minha vida por mais um ano só porque sim!
E depois o que ainda me deixa pior é ligar para todas as entidades competentes e me dizerem que ainda estão a ler os decretos... Raios partam! Estamos no século XXI, mas às vezes até me esqueço disso...
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